Chiang Mai eh tao mais fresquinha que precisei dormir com cobertor e ainda passei frio!

Tive uma manha relaxante, ja que nao tinha que estar em Doi Suthep antes das 13:30. Se pegasse o taxi na rua do hotel, pagaria B400; se caminhasse 15 min, conseguiria dividir com outros indo na mesma direcao. Entao la fui eu, mochila nas costas, bolsa pendurada, sol de rachar o coco tostando a cabeleira loira.

Cheguei e um monge novinho foi me mostrar meu quarto. Um quartinho pequeno e simples, com um cochonete fininho no chao, uma almofada e um cobertor. Nada de lencol. Mas uma vista linda da varanda do meu quarto. Ainda tive tempo de ler os panfletos com as instrucoes e 3pm voltei ao escritorio para a explicacao. Eramos apenas 2, eu e uma Canadense. Um outro monge nos explicou 3 tecnicas de meditacao: sentada, caminhando e deitada. Depois da explicacao ficamos por nossa conta para praticar sozinhas.

Muito dificil acalmar a mente, parar de pensar. Descobri que tenho o que eles chamam de 'monkey mind', ou seja, que nao consegue parar um segundo sequer! 5pm fomos encontrar nosso mestre e tivemos nossa celebracao de iniciacao. Seguimos um ritual de acender velas, entregar flores, cantar, depois tivemos nossa primeira licao.

Existem varias regras, 8 para ser mais exata. Resumindo, 5am nos encontramos para meditar no salao principal. Ai meditamos ate as 7am, quando tomamos cafe da manha. Depois tem conversa com o mestre, almoco as 11am e nada de comida solida depois do meio dia. Apenas agua e cha.

Os ensinamentos do mestre fazem muito sentido. Meditar para acalmar a mente. Nao importa onde estejamos, temos que estar bem dentro de nos mesmos, no nosso centro. Nosso corpo eh a nossa casa. A mente tem mania de viajar para longe, mas devemos traze-la sempre para o que estamos fazendo. Viver o presente, o agora, o ja. O passado e o futuro so atrapalham nossa concentracao no dia a dia. Quando meditamos, devemos focar no movimento dos pes enquanto caminhamos, repetindo 3 vezes cada intencao. Tipo 'Estou parada', 'Tenha a intencao de caminhar', 'Tenho a intencao de virar', 'Pe direito vai pra frente', 'Pe esquerdo vai pra frente'. Cada vez que sentimos dor, ou pensamos em algo, ou a mente comeca a viajar para longe, para qualquer lembranca ou sensacao, devemos mencionar, tentar nos livrar disso e continuar com foco no caminhar. Esta eh a meditacao Vipassana.

Peguei o trem do inferno. 11 horas ate Chiang Mai. O que nao seria pessimo, se eu nao quisesse ter economizado B300, o que da mais ou menos uns 10 dolares, e tivesse comprada o trem com caminha para dormir. Mas nao, quis fazer estilo Tailandes pobre, e fui de assento. Acho que nunca mais me atrevo. Tomei uma pilula para dormir e quando comecei a sentir meu corpo amolecer, pensei 'Beleza, vejo voces amanha cedo na estacao!'. Mas tava frio por causa do ar condicionada, um trem barulhento, minha perna implorando por uma esticadinha, minha cintura reclamando. Me encolhi no banco, tentei deitar, mas cada hora doia uma parte. Consegui das umas cochiladas, mas cheguei na estacao as 7:30am moida.

A pensao aqui (Eagle House) eh gostosinha, tem um jardim legal onde no almoco comi um curry delicioso, o povo eh simpatico, so o quarto que eh tenebroso. A parede eh pintada de vermelho com tinta acrilica ate a metade, enquanto a outra metade eh amarela com desenhos de arvore verde. O lencol eh velho e de florzinha, o chuveiro fica pingando e o cobertor eh daqueles de la que eu encontraria na casa da avo do Jan, cheirando a mofo. Pessimo em termos de aparencia. Mas eh limpinho e barato, entao calo minha boca. Ah, e ainda eh bem no centro!

Chiang Mai eh uma graca, eh grande sem ser imensa, o povo eh bem mais carismatico, ninguem fica enxendo - tanto! - com o famoso 'Hello! Miss, you want tuk tuk'???

Acordei mais tarde, ja passava das 8:30. Durante a noite choveu bastante, acordei com uma ventania no quarto, as arvores fazedno um barulho terrivel por causa do vento e ja pensei 'putz, miou o dia de amanha com esse temporal'. Mas foi uma bencao, consegui dormir muito melhor, mais fresquinho, e amanheceu um dia lindo e sim, quente, muuuuito quente.

Sai para comprar meu cafe da manha numa loja de conveniencia e passei pelo mercado de rua no caminho. Ninguem merece aquele cheiro de peixe seco logo cedo. Comprei um Todinho com pao doce num 7Eleven da vida e sentei no ponto de onibus observando o movimento, porque tambem era o unico lugar com sombra.

Resolvi pegar um tuk tuk para visitar uns templos mais longe e foi divertido. Cheguei num acampamento para elefantes, mas me deu do dos bichinhos, absolutamente turistico, e no torso dos pobrezinhos, la tava a Chinesada tentando se equilibrar entre uma foto e outra. Fico imaginando se depois eles se reunem na sala para ver as 10 mil e uma fotos do mesmo lugar...

Passei a tarde de bobeira no hotel, lendo meu livro sobre a historia do regime Pol Pot e a era Khmer Rouge no Cambodia. Me deu mais vontade ainda de passar por la, porque foi realmente muito triste como as pessoas foram tratadas nessas epoca, ha pouco mais de 30 anos atras apenas.

Comi uma salada de camarao maravilhosa, so que extremamente apimentada. Aprendi: nunca acredite em um tailandes quando este lhe diz que a comida nao eh apimentada! Mentira grande!!!! Devia ter mais de 50 rodelas de chili no meu singelo pratinho!

Mais uma vez acordei antes do despertador. 5am comecei a ouvir gente conversando, ainda tentei dormir mais um pouco, mas hoje eu tinha que pegar o trem e seguir Norte, entao eu estava meio apreensiva e resolvi levantar de uma vez. 5:50 eu ja estava de mochila nas costas, procurando por um taxi para me levar a estacao de trem.

Tentei 2 taxis em Khao San, o primeiro arriscou 250 Baths, perdeu! O segundo chutou B200, e ttb deixei falando sozinho. Ontem conversei com um casal que disse terem pago B80 na noite anterior. Malandrinhos eles! Caminhei uns 3 minutos e um taxi parou sem que eu pedisse. Comeco a relaxar, aqui eles te acham, voce nunca fica sem o servico que precisa. O tiozinho nao falava ingles, mas apontou o meter e chegamos la em menos de 15 minutos. Total da corrida: B51!!!! Comprei o ticket para Ayutthaya sem problemas e meia hora depois estava na estrada.

Trem de terceira classe, baratinho, mas a jornada era menos de 2 horas, entao foi sussegado. Nao acreditei, o tiozinho no banco de tras do meu tava fazendo a barba com gilete!!!! No trem!!!!!

Da estacao para o hotel foi facil. Tive que cruzar o rio com a balsa de novo, mas fui indo no impulso. Aqui as pessoas ja falam menos ingles, mas fui indo no embalo. No maximo que ia acontcer era eu ir para um lugar diferente. E quem eh que se importa???? Estou deixando a vida me levar! O hotelzinho (Bann Kun Pra) eh gostosinho, todo de madeira escura, na beira do rio. Quero so ver essa mosquitaiada me picando a noite, mas por enquanto tudo ainda eh festa.

Vou dando noticias assim que der. Nem sempre o hotel tem internet. Agora vou buscar algo para comer, to com o estomago nas costas. Alguem vai de gafanhoto frito ai??? Ou sopa de macarrao para o cafe da manha??????

**********

So nas tamancas: Wat Ratchaburana, Wat Phra Mahathat => aqui onde tem a cabeca do buda no tronco de uma arvore. Ah, e Wat significa Templo. Passei por varios templos e dei gracas, mais uma vez, por estar aqui. Por ainda eh muito dificil acreditar que estou na Tailandia. Quero tirar estar oportunidade para me auto-conhecer melhor e me reequilibrar.

Caminho a passos marotos, vou devagar, observando, olhando as pessoas ao meu redor, as nacionalidades, as caracteristicas de cada uma, os detalhes dos lugares e me preocupando cada vez menos com fotos e mais em guardar tudo na memoria, em vivenciar cada experiencia. Esses lugares tem uma magia incrivel, eh uma energia muito forte. Os templos daqui sao diferentes dos que visitei em Bangkok, sao mais ruinas do que templos, sao estatuas sem cabeca, uma arquitetura Khmer, mais Cambodiana.

E eh gozado olhar para os pes das pessoas! Mais de 50% dos turisticas vestem Havaianas, que em Bangkok vende em quase qualquer esquina, as legitimas, com bandeirinha do Brasil e tudo! Em Ratchaburana, o 'guardiao do templo', vulgo o carinha do ticket, perguntou de onde eu era. Todo mundo quer saber de onde eu sou e ninguem adivinha. Ja fui chamada de Italiana, Alema, Sueca... menos Brasileira! Com essa cara Sueca que Deus me deu, eu respondo sempre com orgulho: 'Brasil'!!!. E sempre, eh batata, a resposta eh 'Ohhhhhhh, Brasil.... very far, hum? Long way'. E o queixo sempre cai quando ouvem que estou viajando sozinha. Adoroooo!

Na volta comecou a garoar e eu pensei 'Ah, dane-se, deixa molhar, devo estar ha mais de 40 min do hostel, nao adianta correr, deixa refrescar!'. Mas passou em menos de 5 min e ai o sol ferveu com tudo. E eu pensando no meu irmao tirando um sarro do meu couro cabeludo tostado e vermelho! Achei um aglomerado de Tailandes debaixo de uma tenda, e fui ver o que era. Parecia um mercado de comida ao ar livre. Um cheiro forte, uma mistura de doce com carne, quente, dava para sentir o vapor. Observei por um tempo, parecia que era tipo restaurante de prato unico, tinha cara de macarrao, caldo, legumes e uns pedacos de carne. A unica loira e branquela por la. Mas ninguem deu bola. O carinha do fogao notou minha presenca e ar de curiosidade, e arranhando um ingles disse que era sopa de macarrao (suspeitei desde o principio!!!), eu pedi uma de porco e sentei. Na mesa, ao inves do nosso sal, pimenta, azeite e vinagre, 4 potinhos que tinham shoyo, acucar, pimenta beeeeeem picante e vinagre. Fiquei imaginando a mistura dos 4 no mesmo prato e cheguei a conclusao que esse era provavelmente o cheiro que estava no ar.

Garfo??? Nem pensar. Fiquei so espiando a maca do lado e quando o meu chegou, tentei fazer o mesmo, mas a minha coordenacao com os pauzinhos eh um terror! 2 pauzinhos e uma colher tipo conha, E ninguem virava a cumbuca para a sopa ir para a colher! Nao vou dizer que nao gostei, mas a primeira colherada foi esquisita, Tinha gosto doce. E o caldo era de carne!!!! Mas depois o paladar acostuma, a fome fala mais alto e em menos de 5 minutos a cumbuca tava vazia!

A noite estava tendo festival na avenida, celebrando o Ano Novo Chines. Comi uns negocios estranhos, fui experimentando, comprando varias porcoes de varias coisas, e comendo pelo caminho. Comi lula assada na hora no carvao, bolinho de arroz, manga verde com pimenta, pastelzinho de nao sei o que, e bebi minha primeira cerveja Tailandesa.

Quente. Muuuuuito quente. Fiquei com receio de dormir com o ventilador ligado e acordar o gripada ou com dor de garganta, entao deixei apenas a janela aberta, com a tela contra mosquito. Dormi o sono dos jutos, e 6:30 ja estava de pe e disposta. Tomei o Nescafe safado que o hostel oferecia e la fui eu caminhar pelas ruas de Bangkok.

Fiz uns 4 templos, e sempre tendo que cobrir os ombros e com saia abaixo do joelho. Um dos templos me fez chorar. Foi olhar para o Buda e as lagrimas comecarem a cair. Rezei uma prece ao meu modo, mas mais precisamente agradeci por poder estar aqui. A maioria dos templos sao ornamentados em dourado, tudo tao lindo, ostentando tanta beleza e riqueza, num contraste com a pobreza que se ve ao redor. Visitei Wat Phra Kaeo, Grand Palace, Wat Pho, cruzei o rio numa balsa e visitei tb Wat Arun.

Gosto de observar as pessoas. Tailandeses levam uma vidinha do cao. Empurram seus carrinhos cheiuos de fruta ou comida, tipo um fogao ambulante, e sempre com um sorriso no rosto. Falam rapido pra caramba, levam uma vida simples e muito sofrida. Ja a maioria dos turistas, tudo folgado. A maioria ching-ling, provavelmente da China, tudo com camera na mao, e meu Deus, como tiram foto, e como param no meio do caminho e fazem pose a cada 2 passos. Minha vontade era jogar umas duas duzias no rio. Ai tem os Europeus, cheios de aneis, maquiagem, leque na mao. Vi um casal com 3 filhos, a menina mais velha devia ter uns 8-9 anos, e num mercado de rua, ja na beira do rio para pegar a balsa, a menininha com a mao tampando o nariz e reclamando em frances, provavelmente por causa do cheio forte de peixe seco sendo vendido em todo canto. To me divertindo! O cheiro as vezes incomoda mesmo, e as vezes nao tenho muita vontade de comer em qualquer canto, tem cada coisa estranha, e a aparencia nao eh das mais higienicas. Fico nas frutinhas picadas e na minha garrafinha de agua!

A noite fui fazer massagem nos meus pezinhos cansados. Nossa, isso eh o paraiso na terra. Eu quase dormi e ia ao ceu e voltava cada vez que a moca apertava a sola do meu pe com o pauzinho. Delicia! Voltei para casa comendo uma goiaba ranca divina, do tamanho de um melao!

E o primeiro passo foi dado! Mochila nas costas, passaporte na bolsa, coracao na boca e sorriso no rosto. Beijo no maridao e la fui eu. De Praga fiz conexao em Zurich e achei que eu estivesse no aviao errado. Onde estavam os hippies de rasta no cabelo? O povo quase corcunda com cara de sofrimento e mochila pesada? Olhei ao redor e tirando uns 5 tailandeses, o resto era tudo velhinho. Sim, velhinhos  suas senhorinhas. E eu me perguntando que raios eles iriam fazer em Bangkok. Descobri que eu era a unica largada, de tenis vermelho respingado de tinta amarela (resquicios da pintura da cozinha!, blusa verde, sem um pingo de maquiagem na cara de zumbi morrendo de sono.

O voo foi tranquilo mas cansativo, ainda mais com a diferenca de 6 horas a frente da Rep. Tcheca (9 do Brasil). Percebi que toda a calma que eu vinha demonstrando ate agora era puro fingimento. Meu coracao batia tao acelerado que mais parecia bateria de escola de samba em dia de desfile. Medo da imigracao. Medo de sacar dinheiro no caixa automatico e ter meu cartao bloqueado (porque ai eu tava na lama meeeesmo!). Medo de pegar um taxi no aeroporto e me cobrarem uma fortuna com base nessa minha cara branca ou de cair numa das tantas armadilhas e esquemas que li em dezenas de sites. Mas nao. Gracas ao bom Deus e ao meu parceiro anjo da guarda.

5.30am aterrizamos em Bangkok, com a temperatura ja marcando 27C. E eu que sai de -5C!!!! Parece que resolvi pegar a fila mais devagar e a tailandesa mais detalhista para observar passaporte, e quando chega a minha vez.... a danada me mandou voltar e passar antes no controle de vacinacao, para o medico carimbar minha carteirinha onde consta que tenho vacina contra a febre amarela, a que venho do Brasil. Corro, volto, final da fila. Fila diferente. Mas devagar igual. Mais meia hora. Saqueo dinheiro, entrei no taxi com cara de quem bate cartao na Tailandia e disse, 'Meter, Khao San Road'.

Me senti passeando pela Marginal Pinheiros. A gente tem uma ideia besta de achar que tudo eh buraco, so porque eh Asia. Um transito infernal, mesmo logo cedo. Um barulho de buzina, um ar abafado, tuk tuk por todo lado cortando entre os carros (pior que motoboy!!).

Cheguei no hostel e o check in era so as 13:00, e eu implorando por um banho gelado e uma cama onde eu pudess esticar meu corpo moido e dormir pelas proximas 3 horas. Doce ilusao. Quis matar dois, depois quis me afogar no laguinho de carpas. Meio que no automatico, exibindo uma cara de zumbi da meia noite, sai pela redondeza para tentar tapear o sono. Mas depois de meia hora resolvi voltar, estava de calca jeans, um sono do cao, um calor do inferno... Me restou o banco da recepcao, onde com do de mim a recepcionista boazinha me deu uma almofada e la fiquei, derretendo, estapeando mosquito, ate que 11.30 alguem realmente se apiedou de mim e me deixaram entrar no quarto.

Depois de descansada, meu estomago comecou a implorar por comida. Sai para caminhar e no meio do caminho achei um lugar para fazer massagem nos pes com peixes! Sim, um aquario grande, cheio de peixinhos famintos, onde voce coloca seu pezinho cansado e eles comem a pele morta dos pes. Muito estranho, bizarro! Achei uma barraquinha de rua que parecia limpinha e comi um macarrao divino, Pha Thai, sentada na guia e vendo o povo passar. Quem sabe amanha eu arrisco a comer gafanhoto frito!?!!

Tailândia

Bangkok
Ayutthaya
Chiang Mai
Phuket
Ko Phi Phi
Ko Lanta
Krabi
Ko Chang

Cambodia

Siem Reap
Kampong Cham
Phnom Phen
Sihanoukville